sexta-feira, março 27, 2009

EVOLUÇÃO

"Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
Ou, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paul, glauco, pascigo...

Hoje sou homem - e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, na imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas, estentendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade."

(Antero de quental)

quarta-feira, março 25, 2009

Nosso Mundo


Descubro em paz
A poesia dos nossos corpos
Doce veludo
Este mundo silencioso



Sua

Valsa-lenta

terça-feira, março 24, 2009

A CASA DO TEMPO PERDIDO

"Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e outra mais e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.

Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado."

(Carlos Drummond de Andrade)