
À Minha Mãe
Num continente diferente, numa cidade distante à beira-mar foi aí que nasci.
Recordo com saudade alguns momentos do tempo de infância. Outros nem por isso…
Minha mãe viu a própria filha perder o andar e a fala, no momento em que o apartamento fora atacado. Com 4 anos percebi que aquelas coisas que andavam pela casa se atingissem o papá ou a mamã, não poderiam pegar-me mais ao colo. Protegeram-nos (a mim e à minha mana) com o próprio corpo. Lembro-me de sentir medo pela minha própria mãe quando se ausentou daquela sala. Fui atrás porque o medo era demasiado refinado. Uns passos mais à frente senti o corpo entrar em convulsão – ao que parece perdi o andar e a fala – o meu cérebro apagou da memória os dias seguintes creio que 15.
Reaprendi tudo… e aprendi tanto ao longo da vida!
Infelizmente o meu pai já faleceu. Mas, a minha mãe continua a mesma mulher – Lutadora!
Mulher que olha de frente e de cabeça erguida para a vida! Ergue-se das cinzas as vezes que forem necessárias. E esta qualidade eu herdei-a ou talvez a tenha aprendido ou apreendido!
Só uma grande dor me toca bem fundo… e não a condeno por isso… por muito que me sinta ferida. A minha homossexualidade é um entrave à aproximação.
Mas, neste dia tão especial só desejo dizer que é uma grande mãe e mulher! Aquela em que muitas vezes coloco o olhar para me erguer.
Um feliz dia Minha Mãe!
À Minha Amada
Meu puro amor, a vida levou-nos por estradas sinuosas e ainda nos leva.
Minha querida, jamais poderei dizer por palavras aquilo que realmente sinto. Um orgulho imenso pela filha que tem e pela pessoa que é.
Não é fácil ser-se mulher, mãe e homossexual. E sabe do que falo!
Neste dia oferto-lhe a brisa do mar… e a mais singela flor do campo.
Doce beijo
Valsa lenta