segunda-feira, abril 20, 2009

FUNDO DO MAR

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços.
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

(Sophia de Mello Breyner Andresen 1919-2004)

4 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Valsa Lenta
Sophia é sempre Sophia e este poema é lindissimo.

Pelo direito à diferença e igualdade de oportunidades VIVA O 1º.DE MAIO!


Abraço

Bichodeconta disse...

Minha querida, magnifico poema pelo qual de deixo um abraço e os Parabéns..

SILÊNCIO CULPADO disse...

Valsa Lenta


O céu e o inferno estão dentro de nós e somos nós que temos que os gerir.

Abraço, minha querida

Saozita disse...

Lindo poema,adorei.
Beijinhos