terça-feira, março 24, 2009

A CASA DO TEMPO PERDIDO

"Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e outra mais e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade; a outra metade são cinzas.

Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater. O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.

O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado."

(Carlos Drummond de Andrade)

3 comentários:

SILÊNCIO CULPADO disse...

Valsa Lenta

Tempo perdido jamais se recupera. Porém não é tempo perdido o tempo que passou e se viveu.

Abraço

Maria disse...

O Drummond de Andrade sabe dizer coisas de uma forma muito especial...
... melhor mesmo bater à porta de uma casa habitada...

:)

Um abraço

meus instantes e momentos disse...

como sempre belos e bem escolhidos posts.
É bom vir aqui.
Maurizio